domingo, 12 de julho de 2009

Dedetizei teus argumentos para que brotassem moscas da tuas palavras. Seus pensamentos me cheiram a ratos.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Umas máximas quaisquer...

Queria ter posto um pouco mais de empenho na busca, mas ficarei com alguns aforismos, máximas, adágios não-populares, preceitos que se auto-destroem, axiomas que precisavam ser demonstrados - ou seja lá qual for o raio de sinônimo pelo qual venham a pretender chamar as proposições breves - extraídos de Além do bem e do mal, em que Friedrich Nietzsche compõe um capítulo somente com essas sentenças "intempestivas" e "extemporâneas".
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Os dois primeiros versam sobre o assunto que popularizou a obra de Nietzsche: sua relação com Deus e com a religiosidade.
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É com seu próprio Deus que as pessoas são mais desonestas: não lhe é
permitido pecar.
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"Como? Isto não significa, falando de modo popular: Deus está refutado, mas o Diabo não?" Pelo contrário, meus amigos! E, com os diabos, quem os obriga a falar de modo popular?
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Um rebate à crítica. Comentário no jornal dobrado do domingo amarrotado, depois de tomar café, provavelmente.
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Este aqui..., é no mínimo curioso.
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Foi uma sutileza que Deus aprendesse grego quando quis se tornar escritor - e que não o aprendesse melhor.
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Talvez Nietzsche, como filólogo que era, estivesse traduzindo algum fragmento original da Bíblia em grego quando fez este apontamento. Se é isso, foi o Espírito Santo que o fez reconhecer essa fragilidade dos textos divinos na língua de Platão.
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Objetividade é um valor absoluto incapaz de recolher aquilo que se pretende ser a verdade. Aos que o defendem:
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Uma coisa que se esclarece deixa de nos interessar. - Que queria dizer o deus que aconselhou: "Conhece a ti mesmo"? Isto significava talvez: "Deixa de interessar-te por ti! torna-te objetivo!" - E Sócrates? - E o homem científico? -
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Tão frio, tão glacial, que nele queimamos os dedos! Toda mão se sobressalta ao tocá-lo! - E justamente por isso muitos o tomam por ardente.
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Em toda filosofia há um ponto no qual a "convicção" do filósofo entra em cena: ou, para falar na linguagem de um antigo mistério:
adventavit asinus pulcher et fortissimus [chegou o asno belo e muito forte].
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Seria a convicção que arrefece outras possibilidades o realce de uma verdade?
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Para completar - e irritar as leitoras do blogue -, um comentário literário desse filósofo marrento, como certa vez o classificou um amigo meu:
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Das antigas novelas florentinas - e também da vida: "
buona femmina e mala femmina vuol bastone" [boa ou má, a mulher quer bastão]. Sachetti, nov. 86.
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Por alguma razão acho que algum tradutor no processo todo há-de se ter enganado..., afinal, também o texto de Nietzsche percorre caminhos similares aos de uma bíblia para chegar até nós...
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Inda inté!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Tempo, tempo, tempo, mano velho...

Reflexões sobre o tempo em Sartre
Sidney Azevedo
As similaridades que encontrei entre o meu atual modo de encarar as coisas e o de Antoine Roquentin me forçaram a começar este texto. Se quisesse me livrar fácil da questão da pretensa universalidade do existencialismo poderia falar qualquer coisa sobre a projeção do leitor no texto ou me valer de algum bobo conceito de identificação. Mas esse maldito personagem sartreano me inquieta demais, principalmente agora.
Poderia ter acontecido, em alguma experiência futura, que a leitura de A náusea me revelasse um livro bobo. É essa uma relação com o tempo. Ou não? Não importa, deu-me vontade de falar do tempo e não posso perder o momento presente em um contato desaparecido com a idéia que eu queria escrever ainda há pouco. Pois a náusea surge, no livro, sempre que Roquentin se vê em angústia com o presente - se bem que náusea e angústia nesse livro são sinônimos. Sim, com o presente. O passado e o futuro são entes confortantes. E são bem isso: entes. Lá o passado se forma das coisas prontas, das idéias que basta convocar certo de que virão. O passado é fruto da certeza. E o futuro é outra criatura que vem com a certeza, a certeza das nossas previsões sobre o que aconteceria. Mas o tempo verbal futuro é enganador. Tudo o que para nós termina com "iria", "eria" ou "aria" só se torna possível por conta da veritas credente, a crença na verdade do discurso.
Embora o diário do pequeno-burguês francês seja repleto de referências ao sempre, ao nunca, àquilo que era e àquilo que será, temos noção de que essas coisas são transitórias, inconsistentes e que só mesmo o apego a elas nos seria capaz de gerar segurança. Porque a verdade toda é o presente, a existência breve e próxima, e que só escapando a ambos é possível ser o que se admira como "determinado". A covardia de fugir do presente é o que é louvado pela História, a de agá maiúsculo. Porque enfrentar o presente na radicalidade, reconhecer que há apenas uma sala em torno de si e um sem-número de equipamentos inúteis todos é classificado como loucura. Desde a moral kantiana temos um preconceito contra o presente: ela nos instiga a procurar entender o que se passa e prever as ações de outrem para agirmos conforme tornando em lei aquilo que a máxima da nossa vontade determina, ou seja, se baseia no passado de ações para buscar o futuro possível. Desde Platão sofre o presente: corpo e alma, terminologia que jamais deveria ter caído em relações metódicas, que estabelece paralelismos de realidade, um céu e um inferno inconcebíveis para além da mitologia metafórica de ensinamento. Não é à toa que Nietzsche exige a morte do átomo. Principalmente daquele que menos se considera, a alma. E a brilhante idéia que me surge agora: a alma é a consideração de um presente futuro, além vida, além do próprio futuro.
O caráter dessa palavra, inclusive, possibilidade, é já burguês (naquele sentido em que os comunistas falam). Nela, a capacidade de especulação determina a inteligência de alguém. E especulação é o jogo com o futuro, em que os mercados financeiros se apóiam negociando dinheiro que não existe. Sim, há níveis de presentidade, e qualquer coisa pode se tornar presente, mas quero falar tão somente do presente assustador, nausíaco, angustiante, de Sartre.

domingo, 5 de julho de 2009

Um Tu pelo Cachoeira

Caminho parado entre o amarelo
disponho do vermelho
fito-te eremita!
e os "outros" tiram os olhos.
Na corrente pestilencial,
o branco come
jorrado pelo herói
o corvo sempre consome.
Logo à frente a rosácea dissipa
esgana o que a supremacia não quer
o único que não enche a barriga
é um eremita qualquer.
Homem heróico de barro
agora vira metal
para um dia poder comer
o que deus joga no quintal.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Sei que abandono na escuridão a possibilidade de pensar algo. Crível, mas vil.