segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Ubiqüidade: trema o domingo seu lugar na semana!

Obnubilamento hebdomadário

Era domingo!
Dominus diem.
Sim, o dia do Senhor. O dia em que cada servo se torna, ao menos por algumas horas, senhor de si; por obrigação tendo apenas um grau de religiosismo a quê as palestras não-obrigatórias logo dão um ar de burocracia cultural assestada na aldeia. É, mas os tempos são outros e os domingos não são de descanso. Ainda menos de prece ou agradecimento. Ou talvez seja dos dois. Sei lá! O domingo assume a inteira incompreensilidade do enfaro em si. É isso, um dia enfarado. E como há tempo não usava essa palavra convém lembrar que o homem nesse tempo é terra arrasada, ferro fundido, ar rarefeito e a certeza de uma instância perpétua-pois-sensível chamada anima, ego ou methabollismus. O enfaro é assim a hora morta. Não é enfado porque enfado é intenso, breve e mobiliza a consciência de alguém à sensação plena de enfado e não a de si mesmo. O enfaro não se põe assim. Não gosta de ser objeto. Mas de fazer seu alvo sentir-se e, destarte, nublá-lo sem que perceba. Quando vê, o dia se foi. O enfado é a torrente e o enfaro a garoinha teimosa. Obnubilamento hebdomadário! Domingo maldito! Qual! E agora fico cá, à espera da quebra desse torpor...
Ainda é domingo.

Dominus vobiscum!
Isso pode ser chamado de dissertação literária?

Um comentário:

Gisele Krama disse...

O operário acorda antes que o sol,
toma o que lhe sem o sal,
pega a locomotiva em busca da fumança
e trabalha sem nada para pensar.
Cada hora, segundo e minuto.
Chega no domingo,
acorda cedo, ainda não tem sal e paga R$ 2,3. Sempre é normal.