segunda-feira, 27 de abril de 2009

Duelo de escritores

Já está na 52ª rodada a iniciativa de cinco escritores catarinenses. Nenhum deles tem livro publicado e criaram um blog para desenvolver seus textos. O modelo de produção textual é marcado por comprometimento com um ritmo de produção textual que exige uma criação literária a cada dez dias (o que não espanta, pois há três jornalistas; os outros integrantes são um publictário e um biólogo, que estudaram na Furb). E, sem mais suspense, o blog se chama Duelo de Escritores. E não se trata bem de um duelo, talvez de um "quintelo"... O autor vencedor da última rodada determina o tema. Então eles têm cinco dias para escrever e postar, e outros quatro para votarem nos textos uns dos outros e receber votos do público. E a atual rodada já está em fase de votação, sendo o tema "continuação de um conto", o conto Invisível, de Rodrigo Oliveira, um dos integrantes do blog.
Fica um vídeo da Furb TV aqui para ajudar a entender o projeto:

A felicidade de Baudelaire

"O bom senso nos diz que as coisas da terra não existem inteiramente e que a verdadeira realidade só é encontrada nos sonhos. Para digerir a felicidade natural, como a artificial, é preciso, antes de tudo, ter a coragem de engoli-la e os que talvez merecessem a felicidade são justamente aqueles a quem a felicidade, tal como a concebem os mortais, sempre teve o feito de um vomitivo."

Paraísos Artificiais - O Ópio e Poema do Haxixe (Charles Baudelaire)

domingo, 26 de abril de 2009

Biografia de Tezza

Cristovão Tezza nasceu em Lages, Santa Catarina, em 1952. Em junho de 1959, morreu seu pai; dois anos depois, a família se mudou para Curitiba, Paraná.

Em 1968 passou a integrar o Centro Capela de Artes Populares (CECAP), dirigido por W. Rio Apa, com quem trabalhará até 1977. Ainda em 1968, também participa da primeira peça de Denise Stoklos, e no ano seguinte de duas montagens do grupo XPTO, dirigido por Ari Pára-Raio, sempre em Curitiba.

Em 1970 concluiu o ensino médio no Colégio Estadual do Paraná. No ano seguinte, entrou para a Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante (RJ), desligando-se em agosto do mesmo ano. Em dezembro de 1974, foi a Portugal estudar Letras na Universidade de Coimbra, matriculado pelo Convênio Luso-Brasileiro, mas como a universidade estava fechada pela Revolução dos Cravos, passou um ano perambulando pela Europa.

Em janeiro de 1977, casou-se. Em 1984, mudando-se para Florianópolis, Santa Catarina, trabalha como professor de Língua Portuguesa da UFSC. Voltou a Curitiba em 1986, agora dando aulas na UFPR, onde leciona até hoje.
Em 1988 publicou Trapo (Brasiliense), livro que tornou seu nome conhecido nacionalmente. Nos dez anos seguintes, publicou os romances Aventuras provisórias (Prêmio Petrobrás de Literatura), Juliano pavollini, A suavidade do vento, O fantasma da infância e Uma noite em Curitiba. Em 1998, seu romance Breve espaço entre cor e sombra (Rocco) foi contemplado com o Prêmio Machado de Assis da Biblioteca Nacional (melhor romance do ano); e O fotógrafo (Rocco), publicado em 2004, recebeu no ano seguinte o Prêmio da Academia Brasileira de Letras de melhor romance do ano e o Prêmio Bravo! de melhor obra.

Sua tese de doutorado (USP), Entre a prosa e a poesia - Bakhtin e o formalismo russo, foi publicada em 2002 (Rocco). Também na área acadêmica, Cristovão Tezza escreveu dois livros didáticos em parceria com o lingüista Carlos Alberto Faraco (Prática de Texto e Oficina de Texto, editora Vozes), e nos últimos anos tem publicado eventualmente resenhas e textos críticos na revista Veja e nos jornais Folha de S.Paulo e O Estado de São Paulo .

Em 2006, assinou contrato com a Editora Record, que começou a relançar sua obra. Em julho de 2007 foi publicado seu novo romance O filho eterno, e foram reeditados, com novo projeto gráfico, seus romances Trapo, Aventuras provisórias e O fantasma da infância.

Em dezembro de 2007, o romance O filho eterno recebeu o Prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhor obra de ficção do ano. Em 2008, recebeu os prêmios Jabuti de melhor romance, Bravo! de melhor obra, Portugal-Telecom de Literatura em Língua Portuguesa (1° lugar) e Prêmio São Paulo de Literatura, melhor livro do ano. O romance foi lançado na Itália pela editora Sperling & Kupfer (tradução de Maria Baiocchi), em Portugal, pela editora Gradiva, e já tem edições contratadas na França, Espanha (em espanhol e catalão), Holanda, Austrália e Nova Zelândia.
Fonte: site do autor www.cristovaotezza.com.br

Escritor catarinense na FLIP


O autor Cristóvão Tezza participará da Festa Literária Internacional de Paraty deste ano. O evento inicia no dia 1 de julho e termina no dia.

Tezza também participou do encerramento da 6ª Edição da Feira do Livro de Joinville.

Saiba mais sobre o escritor no site http://www.cristovaotezza.com.br/

sábado, 25 de abril de 2009

Gay Talese na FLIP


Essa postagem é destinada aos adoradores do jornalismo literário. O grande mestre deste estilo jornalístico, Gay Talese, confirmou presença na Festa Literária Internacional de Paraty. O evento começa no dia 1 de julho e termina no dia 5. O homenageado deste ano é o poeta Manuel Bandeira.

A festa é um ícone dos eventos literários mundiais e a maior do Brasil. Para os mais interessados, podem consutar o site http://www.flip.org.br/

Ah, só para não esquecer ... um grupo do Ielusc está se organizando para ir ao evento.

Aguardem novidades!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

100 melhores livros


A Bravo! lançou a revista especial com os 100 livros essenciais da literatura mundial. A revista da editora abril trouxe menções dos textos de Homero, Shakespeare, Dante Alighieri, Proust, Baudelaire, Machado de Assis entre outros.


A edição custa R$ 14, 95 e pode ser adquirida no site da Abril Assinaturas, no link: http://www.lojaabril.com.br/

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dia Mundial do Livro - 23 de Abril

Apesar do surgimento de tantas novas tecnologias, o livro ainda permanecerá muito tempo entre nós, apesar de muitos alardearem sua futura "aposentadoria". Ele ainda é a forma mais democrática e acessível de conhecimento, se considerarmos a população mundial como um todo. E, há lugar para todos, felizmente!

O dia-homenagem foi instituído pela Unesco em 1996. Ele é celebrado em cerca de 100 países, e mobiliza uma vasta rede internacional de editores, livreiros, bibliotecários, associações de autores, tradutores e muitos outros amigos da causa do livro e da leitura. É importante que se tome consciência dos benefícios econômicos, morais e cívicos da leitura, para que os indivíduos possam engajar-se na luta por um mundo melhor.

A escolha do dia deve-se ao fato que vários escritores consagrados, como Miguel de Cervantes, William Shakespeare, Vladimir Nabokov e Josep Pla, nasceram ou morreram em um 23 de abril.

O acesso à herança cultural através do livro possibilita o enraizamento do sujeito na comunidade, por dar-lhe suporte e coesão de idéias. O sentido comunitário do livro deve ser visto como prioritário, principalmente na educação das crianças, futuros cidadãos. Como em toda construção, o livro é um alicerce importantíssimo a formação de uma sociedade mais justa e igualitária.

"O livro constitui um meio fundamental para conhecer os valores, os saberes, o senso estético e a imaginação humana. Como vetores de criação, informação e educação, permitem que cada cultura possa imprimir seus traços essenciais e, ao mesmo tempo, ler a identidade de outras. Janela para a diversidade cultural e ponte entre as civilizações, além do tempo e do espaço, o livro é ao mesmo tempo fonte de diálogo, instrumento de intercâmbio e semente do desenvolvimento"


História

O Dia Internacional do Livro teve a sua origem na Catalunha, uma região semi-autônoma da Espanha. A data começou a ser celebrada em 7 de outubro de 1926, em comemoração ao nascimento de Miguel de Cervantes, escritor espanhol. O escritor e editor valenciano, estabelecido em Barcelona, Vicent Clavel Andrés, propôs este dia para a Câmara Oficial do Livro de Barcelona.

Em 6 de fevereiro de 1926, o governo espanhol, presidido por Miguel Primo de Rivera, aceitou a data e o rei Alfonso XIII assinou o decreto real que instituiu a Festa do Livro Espanhol.

No ano de 1930, a data comemorativa foi trasladada para 23 de abril, dia do falecimento de Cervantes. Mais tarde, em 1995, a UNESCO instituiu 23 de abril como o Dia Internacional do Livro e dos direitos dos autores, em virtude de a 23 de abril se assinalar o falecimento de outros escritores, como Josep Pla, escritor catalão, e William Shakespeare, dramaturgo inglês.

Fonte: www.cidadaopg.sp.gov.br

terça-feira, 21 de abril de 2009

ÓCIO IMPRODUTIVO

Boa tarde, a todos aqueles que se negam a visitar a ilustre lente.

Quero dividir meu ressentimento neste quase pós-feriadão.

Nestes longos dias curti, nada mais, do que o nada. Sei que tenho milhões de coisas para fazer, mas neste vácuo não tenho forças para reunir a pouca coragem que me resta e executar tudo de uma vez. Na meia semana que me resta inventarei outro milhão de desculpas para deixar de lado este milhão de coisas que me atormentam hoje.

Vou acabar logo que esta "balela" e apresentar um cara, que eu nem bem sei o que ou quem ele é: alguém chamado Luc Gabriel.

"No limbo doce do ócio improdutivo,
Rearranjo palavras
E construo estrofes
Que justificam minha desavergonhada paralisia.
Holofotes duma ribalta descaradamente falsa
Saciam o apetite por reconhecimento,
E justificam a escrita vagabunda,
Do poema de rima fácil.
Então, que se encaminhe o sentimento impuro,
Lascivo e despudorado,
Para lambuzar-se no círculo que precede a depravação,
Inspiração maior para a poesia.
(Que não aceita choro contido,
Nem quer ouvir falar da amada,
E enxota a pieguice do sussurro
Que adorna e açula a fala.).
Dose de motivação
Buscada no mais puro requinte do pecado,
Manjar verdadeiro do gozo,
Amante da escrita casta.
É da soltura dos meus charmosos demônios
Que emana a beleza rameira dos meus versos,
A justificar a prostração dos meus dias
No vai e vem do meu doce limbo."

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O que torna uma poesia o espírito de seu tempo?

Trago uma poesia de Fernando Pessoa, de 1928, um ano antes da Grande Depressão americana e antes da formação dos estados nacionalistas e ditatoriais por Hitler, Mussolini, Franco, Salazar e... Vargas (citando os mais expressivos...). O texto está em sua forma original.

OS CASTELLOS

A Europa jaz, posta nos cotovellos:
De Oriente a Occidente jaz, fitando,
E toldam-lhe romanticos cabellos
Olhos gregos, lembrando.

O cotovello esquerdo é recuado;
O direito é em angulo disposto.
Aquelle diz Italia onde é pousado;
Este diz Inglaterra onde, afastado,
A mão sustenta em que se appoia o rosto.

Fita, com olhar sphyngico e fatal,
O Occidente, futuro do passado.

O rosto com que fita é Portugal.

Inventei de substituir Portugal por Brasil nesse último verso. E talvez o caminho da euforia econômica até a incerteza devida à crise que se tem mostrado nos jornais me levaram ao seguinte sentido: o ocidente, finalmente, pode ser visto por terceiro-mundistas - Portugal era o patinho feio da Europa -, exatamente na hora em que jaz.
Reconheço que a minha leitura pode (quiçá deve) estar errada.
Mas são curiosas as semelhanças: o cotovelo "inglês" pode se referir à dependência do poder econômico, político e tecnológico, enquanto o cotovelo "italiano" ao cultural, tradicional e religioso. E a mão, símbolo-mor do poder, é a do cotovelo saxão; pois o outro o cotovelo fica "recuado".
Os olhos filosóficos, tristes lá, cá otimistas, observam silenciosos os seus erros. E vários são os estudiosos cuidam disso.
Será possível trocar o nome de qualquer país por Portugal? Será que a situação da modernidade consegue fazer valer essa poesia em qualquer situação? O que torna uma poesia o espírito de seu tempo?

Ele não escreve só novela


O novelista da Rede Globo Walcyr Carrasco lançou em agosto do ano passado o livro "Anjo de quatro patas - A verdadeira amizade entre um homem e seu cachorro". Neste livro o escritor Walcyr Carrasco adere à moda de falar sobre cachorros e registra os momentos mais engraçados e comoventes vividos ao lado de Uno, um cão que, além de um simples companheiro, tornou-se um verdadeiro amigo, ensinou-lhe a enxergar as pessoas de outra maneira e, sobretudo, devolveu-lhe a alegria de viver. Entre mordidas e lambidas, você irá rir e se emocionar com as aventuras desse anjo de quatro patas que renovou a rotina e os sentimentos de seu dono.

O dado que mais chama a atenção na listagem dos 10 livros mais vendidos é que 6 destes são de auto-ajuda e somente o "Anjo de quatro patas" se enquadra na literatura.

Livro está entre os dez mais vendidos pela editora Gente e custa R$ 29,90 . Mais informações no site http://www.editoragente.com.br/

Fala do Velho do Restelo ao Astronauta




O imaginativo José Saramago foge, às vezes, da doce ficção e apela às mais ácidas palavras para descrever o desespero de quem vê, por aqui, os erros que não poderão ser resolvidos.

"Aqui, na Terra, a fome continua,
A miséria, o luto, e outra vez a fome.
Acendemos cigarros em fogos de napalme
E dizemos amor sem saber o que seja.
Mas fizemos de ti a prova da riqueza,
E também da pobreza, e da fome outra vez.
E pusemos em ti sei lá bem que desejo
De mais alto que nós, e melhor e mais puro.
No jornal, de olhos tensos, soletramos
As vertigens do espaço e maravilhas:
Oceanos salgados que circundam
Ilhas mortas de sede, onde não chove.
Mas o mundo, astronauta, é boa mesa
Onde come, brincando, só a fome,
Só a fome, astronauta, só a fome,
E são brinquedos as bombas de napalme."

domingo, 19 de abril de 2009

Amores Portáteis


"Os amores infelizes são todos iguais; os felizes, são felizes cada um à sua maneira. Simples assim, de um jeito muito mais Nabokov que Tolstoi".

"Leonard Cohen está ciente de que é preciso extrair as víceras do poema. Jeff Buckley também estava. Leonard Cohen está vivo. Jeff Buckley não. "

"O amor nunca é inócuo. Nunca. A vida não é uma sitcom."

"Consulto o relógio do celular. Meia-noite e vinte. O sábado virara domingo. E eu ainda não virei abóbora."

Essas frases, com doses certas de humor ácido, são do escritor joinvilense Eduardo Baumann. Ele lançou o livro "Dois em um" com Fernanda Leal. Os trechos foram retirados de "Amores portáteis". O livro foi lançado em março deste ano.

Dois em um pode ser encontrado na livraria Midas e custa aproximadamente R$ 7.


sábado, 18 de abril de 2009

O sol e a Aquarela


Quando acordei, nesta manhã de sábado, vi um sol lindo que ousava permanecer intenso no céu. Ao ligar o computador e colocar umas músicas, logo comecei a ouvir "Aquarela", de Toquinho. A linda letra trouxe a nostalgia de um imaginário infantil que a música fez parte. Trouxe-me boas lembranças. Afinal, quem nunca cantou pelo menos um pedacinho dela quando era criança?!?

"Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo...

Corro o lápis em torno
Da mão e me dou uma luva
E se faço chover
Com dois riscos
Tenho um guarda-chuva...

Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho
Azul do papel
Num instante imagino
Uma linda gaivota
A voar no céu...

Vai voando
Contornando a imensa
Curva Norte e Sul
Vou com ela
Viajando Havaí
Pequim ou Istambul
Pinto um barco a vela
Branco navegando
É tanto céu e mar
Num beijo azul...

Entre as nuvens
Vem surgindo um lindo
Avião rosa e grená
Tudo em volta colorindo
Com suas luzes a piscar...

Basta imaginar e ele está
Partindo, sereno e lindo
Se a gente quiser
Ele vai pousar...

Numa folha qualquer
Eu desenho um navio
De partida
Com alguns bons amigos
Bebendo de bem com a vida...

De uma América a outra
Eu consigo passar num segundo
Giro um simples compasso
E num círculo eu faço o mundo...

Um menino caminha
E caminhando chega no muro
E ali logo em frente
A esperar pela gente
O futuro está...

E o futuro é uma astronave
Que tentamos pilotar
Não tem tempo, nem piedade
Nem tem hora de chegar
Sem pedir licença
Muda a nossa vida
E depois convida
A rir ou chorar...

Nessa estrada não nos cabe
Conhecer ou ver o que virá
O fim dela ninguém sabe
Bem ao certo onde vai dar
Vamos todos
Numa linda passarela
De uma aquarela
Que um dia enfim
Descolorirá...

Numa folha qualquer
Eu desenho um sol amarelo
(Que descolorirá!)
E com cinco ou seis retas
É fácil fazer um castelo
(Que descolorirá!)
Giro um simples compasso
Num círculo eu faço
O mundo
(Que descolorirá!)..."

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Rápida sobre idéias e explanações

Outra vez venho falar de Ariano Suassuna, mas isso é importante:

"Eu aceito, acredito até ser bom que as idéias políticas de um escritor apareçam em sua obra, mas não que ele coloque a obra a serviço das suas idéias. Porque aí ele vai fazer romance de tese ou peça de tese". (Revista Cult!, alguns anos atrás).

O que costuma tornar uma idéia desagradável é a sua apresentação. Parece ser essa a idéia do principal autor do movimento armorial. A idéia é um gesso da forma. A naturalidade que Suassuna busca nas manisfestações populares é exatamente a fuga desse gesso. Mas, talvez para este blogue, esta seja uma postagem engessada, e só uma discussão sobre literatura... Bem, aí fica a idéia. Sem decente apresentação.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Brecht e a guerra

"Não conseguireis desgostar-me da guerra. Diz-se que ela destrói os fracos, mas a paz faz o mesmo." Bertolt Brecht


Brecht foi um dramaturgo, poeta e ator alemão que se "converteu" ao marxismo. Ele trouxe para as peças de teatro discussões sobre as complicadas relações humanas no sistema capitalista e com versão dramatizada. na perspectiva marxista.

"Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram."
"Primeiro vem o estômago, depois a moral."
"O que não sabe é um ignorante, mas o que sabe e não diz nada é um criminoso."

Estes são alguns do pensamentos de Brecht.

terça-feira, 14 de abril de 2009

A rosa de Hiroxima



Como ainda permanecemos no tema "poder", quero trazer as ácidas palavras de Vinícius de Moraes. Quem achava que ele era poeta boêmio e idólatra do amor, estava certo. Mas ele não é só isso. O poema "A rosa da Hiroxima" é a prova disto. Colham-no.


"Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroxima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada."

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Poder e ironia

Como me empolguei com a abordagem literária do poder e sei que isto rende muita discussão, não resisti e trouxe o jornalista e sátiro alemão Ludwig Borne.

"O segredo de todo o poder consiste em saber que os outros são ainda mais covardes do que nós".

Não concordo com ele, mas posso comparar à fala de Mao Tsé-Tung que diz "o poder político nasce do cano da espingarda".

Ambos apresentam a face ruim do poder, entre covardia e armas. No entanto, o poder não se restringe à política, mas isto já é outra história.

Ainda sobre "Poder"

"Os detentores do poder ficam tão ansiosos por estabelecer o mito da sua infiabilidade que se esforçam ao máximo para ignorar a verdade".
Este aforismo é do poeta e romacista russo Boris Pasternak. O autor, mais do que ninguém, sentiu a interferência direta do poder na literatura. Principalmente, quando foi impedido no ano de 1958 de receber o Prêmio Nobel de Literatura, por motivos políticos. Além disto, foi acusado pelo governo russo de subjetivismo.
A obra mais conhecida de Pasternak é Doctor Zhivago (no português, Doutor Jivago), que não pôde ser publicada na antiga União Soviética. Porém, o original foi contrabandeado e editado na Itália, tornando-se um best seller que rendeu o autor um dos maiores prêmios da literatura mundial.
Mesmo quem nunca ouviu falar em Boris Pasternak, já conhecia o Doutor Jivago pela adaptação feita para o cinema em 1965.

Boris morreu na década de 60 ser ver sua obra-prima entrar para a sétima.

sábado, 11 de abril de 2009

Ainda em Campos


Gostei quando li no prefácio do livro Obra Poética IV de Fernando Pessoa, um comentário sobre o personagem Álvaro de Campos. "Pus em Álvaro de Campos toda a emoção que não dou nem a mim nem à vida".

Corajoso este Pessoa que conseguiu dar nome a uma de suas tantas máscaras.

Regresso ao lar

Descupem por demorar tanto para escrever meu comentário...mas é que fiquei perdida ao dialogar com as tantas Pessoas de Fernando, mas consegui encontrar o que queria.
Pessoalmente, odeio Sonetos. Eles têm forma fechada, pouca expressão e não me dizem nada. Mas darei uma chance para Álvaro de Campos - um dos personagem de Fernando Pessoa.

"Há quanto tempo não escrevo um soneto
Mas não importa: escrevo este agora.
Sonetos são infância, e, nesta hora,
A minha infância é só um ponto preto,

Que num imóbil e fatal trajecto
Do comboio que sou me deita fora.
E o soneto é como alguém que mora
Há dois dias em tudo que projecto.

Graças a Deus, ainda sei que há
Quatorze linhas a cumprir iguais
Para a gente saber onde é que está

Mas onde a gente, ou eu, não sei...
Não quero saber mais de nada mais
E berdamerda para o que saberei."

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Armorial

Uma só afirmação


Ariano Suassuna, em entrevista à revista Filosofia, da editora Escala, fez essa afirmação: “Eu, a vida toda, gostei mais dos pensadores que, além de serem pensadores, escreviam bem”. Ele se referia a Platão e a Friedrich Nietzsche, embora não tenha a mesma visão de mundo de ambos. O interesse na afirmação nasce porque ela indica que certas vezes temos visões radicais do que seja filosofia ou literatura, esquecendo que, enquanto campos do saber, essas áreas entrecruzam-se constantemente*.
A classificação é sempre um meio de morte para um significado, pois quando dizemos que as obras de Suassuna querem criar uma arte erudita a partir da cultura popular nos deixamos ir por um caminho de leitura acadêmico demais…

Post-scriptum: Vivam as ênclises e os advérbios de modo!
Inda inté!