quinta-feira, 9 de julho de 2009

Umas máximas quaisquer...

Queria ter posto um pouco mais de empenho na busca, mas ficarei com alguns aforismos, máximas, adágios não-populares, preceitos que se auto-destroem, axiomas que precisavam ser demonstrados - ou seja lá qual for o raio de sinônimo pelo qual venham a pretender chamar as proposições breves - extraídos de Além do bem e do mal, em que Friedrich Nietzsche compõe um capítulo somente com essas sentenças "intempestivas" e "extemporâneas".
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Os dois primeiros versam sobre o assunto que popularizou a obra de Nietzsche: sua relação com Deus e com a religiosidade.
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É com seu próprio Deus que as pessoas são mais desonestas: não lhe é
permitido pecar.
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"Como? Isto não significa, falando de modo popular: Deus está refutado, mas o Diabo não?" Pelo contrário, meus amigos! E, com os diabos, quem os obriga a falar de modo popular?
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Um rebate à crítica. Comentário no jornal dobrado do domingo amarrotado, depois de tomar café, provavelmente.
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Este aqui..., é no mínimo curioso.
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Foi uma sutileza que Deus aprendesse grego quando quis se tornar escritor - e que não o aprendesse melhor.
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Talvez Nietzsche, como filólogo que era, estivesse traduzindo algum fragmento original da Bíblia em grego quando fez este apontamento. Se é isso, foi o Espírito Santo que o fez reconhecer essa fragilidade dos textos divinos na língua de Platão.
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Objetividade é um valor absoluto incapaz de recolher aquilo que se pretende ser a verdade. Aos que o defendem:
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Uma coisa que se esclarece deixa de nos interessar. - Que queria dizer o deus que aconselhou: "Conhece a ti mesmo"? Isto significava talvez: "Deixa de interessar-te por ti! torna-te objetivo!" - E Sócrates? - E o homem científico? -
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Tão frio, tão glacial, que nele queimamos os dedos! Toda mão se sobressalta ao tocá-lo! - E justamente por isso muitos o tomam por ardente.
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Em toda filosofia há um ponto no qual a "convicção" do filósofo entra em cena: ou, para falar na linguagem de um antigo mistério:
adventavit asinus pulcher et fortissimus [chegou o asno belo e muito forte].
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Seria a convicção que arrefece outras possibilidades o realce de uma verdade?
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Para completar - e irritar as leitoras do blogue -, um comentário literário desse filósofo marrento, como certa vez o classificou um amigo meu:
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Das antigas novelas florentinas - e também da vida: "
buona femmina e mala femmina vuol bastone" [boa ou má, a mulher quer bastão]. Sachetti, nov. 86.
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Por alguma razão acho que algum tradutor no processo todo há-de se ter enganado..., afinal, também o texto de Nietzsche percorre caminhos similares aos de uma bíblia para chegar até nós...
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Inda inté!

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