sexta-feira, 1 de maio de 2009

Um cordel para a noite

Figuras personificadas maiúsculas se tornam como as Miragens sertanejas ao Povo. Estes Monstros invisíveis aos que de longe só seu Olhar dão, incapazes são de Isto entender, que a duas Artes une, as letras aos rébus de almanaques. Fica aí nossa lembrança breve, uma poesia e uma paródia:


Dizem que uma Sombra escura
com duas Pontas na testa,
por onde o Donzel caminha,
ao lado, se manifesta.
Desde a Cadeia onde o Moço
na Morte foi sepultado,
esta Sombra cornipeta
caminha sempre a seu lado.
Como irmã-de-caridade
seguindo o jovem Defunto,
o Carcará de chavelhos
vai sempre ao Mancebo junto.
O Doutor, luz verde-escura
da Cidade dos Pés Juntos,
Lampra acesa dos Jazigos,
fogo-fátuo dos Defuntos.
O Donzel, estrela errante,
facho dos Lumes eternos,
ouro do Sol, Desafio
às negras chamas do Inferno.
O Doutor, vela de sebo,
sinal dos Magos errôneos,
Lume lúgubre da Morte,
lampadário do Demônio.
O Donzel, lustre e Candeia
que o Sol do sangue espadana,
carne cravada de Estrelas,
Coroa da raça humana!

Amador Santelmo (Vida, Aventuras e Morte de Lampião e Maria Bonita)

Creio em Getúlio Vargas todo-poderoso,
Criador das leis trabalhistas
Creio no Rio Grande do Sul e no seu filho
Nosso patrono, o qual foi concebido
Pela Revolução de 30
Nasceu de uma Santa Mãe
Investiu sobre o poder de Washington Luís
Foi condecorado com o emblema da República
Desceu ao Rio de Janeiro ao terceiro dia
Homenageou os mortos, subiu ao Catete
E está hoje assentado em São Borja
De onde há de vir e julgar
O general Dutra e seus ministros
Creio no seu retorno ao Palácio do Catete
Na comunhão dos pensamentos
Na sucessão do presidente Dutra
Por toda a vida,
Amém.

Cuíca de Santo Amaro


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